domingo, 28 de agosto de 2011

A psiquiatra, o assassino e a mãe

Uma história é normalmente contada por um ângulo só.
Conhecemos um ponto de vista, que nos apresenta suas justificativas e seu enredo.
No espetáculo "Anatomia Frozen", essa estrutura é quebrada.
A mesma história é contada por três pontos de vista diferentes.
Por um lado temos um assassino, o responsável pela morte de uma menina.
No outro lado temos uma mãe, que fica a espera de sua filha que saiu mas não retornou.
E por fim temos uma psiquiatra interessada em investigar o funcionamento da mente de criminosos.
Três pessoas dividem o mesmo fato e com ele trazem suas dores.
Um assassino mata por matar? Uma mãe chora por chorar?
Numa trama onde três núcleos distintos se encontram, um assassinato fica apenas como fachada para mostrar, por diversos ângulos, a complexidade da vida.
Ficha Técnica
'Anatomia Frozen'
Elenco: Joca Andreazza e Paulo Marcello
Direção: Marcio Aurelio
Duração: 75 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
Texto: Bryony Lavery
Tradução: Rachel Ripani

A Indústria das Amigas

O que acontece quando resolvemos mudar nossa vida drasticamente?
Esta pergunta é o que embala o espetáculo "E agora, Nora?" da Cia Temporária de Investigação Cênica.
Utilizando como enredo a última cena do texto 'Casa de Bonecas', de Henrik Ibsen, o espetáculo brinca com nossas decisões, nossas ações. A personagem principal da trama, Nora, é tratada como um produto defeituoso de uma indústria, uma confusão ou até mesmo um porco sendo recheado para assar numa ceia.
Brincando com a linguagem visual e usando tons robóticos, a peça nos põe a questionar sobre nossa vida: Somos o que queremos ser? Temos a vida que desejamos ter? E agora?


Ficha Técnica
'E agora, Nora?' da Cia Temporária de Investigação Cênica
Elenco: Joana Dória de Almeida, Lívia Piccolo e Sofia Boito
Maiores informações: http://ciatemporaria.blogspot.com/

domingo, 24 de julho de 2011

o cordel nosso de cada dia

A imagem bem construída de um sertão sem muitas palavras, uma vida perdida entre sonhos, desejos e pragas mal rogadas.
Dassanta é uma linda mulher que acredita ter consigo a maldição da morte dos homens que por ela se encantam devido a sua enorme beleza. Uma beleza que trás mistérios, sonhos e devaneios perdidos por entre as palavras de um cancioneiro cego que tem a visão mais bela de todas, a visão da alma.
A Companhia teatro da Conspiração narra essa história de cordel com uma beleza e um lirismo ímpar, um cenário simplista e ao mesmo tempo completo, figurino impecável que complementa a história e atores que sabem trabalhar não somente suas falas, mas explora de maneira brilhante as possibilidades que o corpo humano permite aqueles que querem dele usufluir.
Uma história com herói, bandido, mocinha e muitas batalhas, não tão somente batalhas de sangue mas também batalhas intelectuais, batalhas de cultura, batalhas que enriquecem quem delas faz e quem delas assiste.

DASSANTA
COMPANHIA TEATRO DA CONSPIRAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO: LIVRE

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Brasil-libano e uma só vontade

O cenário é a floresta Amazônica, o período a época da construção da trans-amazônica, a década de setenta. Em cena uma mulher, com remendos, fragmentos de histórias e uma louca vontade de descobrir o que se passou naquele período, naquele lugar, com aquelas pessoas. Diretamente envolvidos estão sua mãe e seu pai. A mãe, uma mulher conservadora que veio de outro país na esperança de ter uma familia feliz, o pai  um homem que não pensa muito em consequencias, que apenas vive o momento.Essa é a trama que envolve a peça "As Folhas de Cedro".
Com uma montagem interessante em que os personagens não saem do palco, apenas ficam fora de uma delimitação e com a personagem-narradora participando diretamente da cena. Um cenário rico por não ser muito marcada, a beleza da simplicidade se revela não só no cenário mas naquela criança que docemente aparece e nos faz lembrar de como por muitas vezes estamos presos em uma cápsula tão grossa que nos tira o contato com a realidade, com os sonhos e com as lembranças...


Ficha técnica
Espetáculo: "As Folhas de Cedro”
Com a Cia. Teatral Arnesto nos Convidou
Texto e direção: Samir Yazbek
Elenco: Helio Cicero, Daniela Duarte, Douglas Simon, Gabriela Flores, Mariza Virgolino, Rafaella Puopolo e Marina Flores (criança)
Preparação de atores: Antônio Januzelli (Janô)
Cenário e figurino: Laura Carone e Telumi Hellen
Trilha sonora original: Marcello Amalfi
Iluminação: Domingos Quintiliano
Assistência de direção: Isabel Hart
Operação de som: Vinícius Andrade
Operação de luz: Osvaldo Gazotti
Aulas de língua árabe: Aida Hanania
Aulas de dança árabe: Angélica Rovida
Programação visual: Juliana Vinagre
Fotografia: Fernando Stankuns
Criação do blog: Diego Spino
Assistência de produção: Larissa Orlow
Produção geral: Silvia Marcondes Machado
Administração: Mecenato Moderno
Realização: SESC SP
Mais informações sobre o espetáculo: asfolhasdocedro.arnesto.art.br

sexta-feira, 8 de julho de 2011

De estação em estação o desalinho no coração

Essa foi a temática chave da peça "O último carro" da turma 46 da Fundação das Artes de São Caetano do Sul.
O exercicio cênico dirigido por Pedro Alcântara trouxe a tona realidades diferentes e unicas, que por muitas vezes passm por nós e nem sequer percebemos na correria de um trem sempre lotado que para de estação em estação trazendo e levando pessoas para suas vidas corridas e nem sempre completas.
histórias se cruzam e verdades brotam nas paradas de cada estação. Com um tom de comédia pitoresca, as cenas cômicas não se tornam apelativas e nem as mais densas se tornam cansativas, o elenco dosou com cuidado cada elemento que compunha a cena, desde a disposição da platéia, que simulava a de um vagão de trem, até a escolha da trilha sonora que foi cantada pelo elenco e que completou muito o que se dizia em cena.
Em um contexto do texto de João das Neves, escrito na década de setenta com uma visão sobre um país que não tem muito governo, a peça retrata através dos personagens, pessoas que não são donas de sua própria vida, que não são senhores de seu próprio destino.
Mais do que uma viagem, "O último carro" nos faz perceber que só damos valor as pessoas, ou aos momentos quando podemos perder pra sempre aquilo que nos foi dado, a vida. Não existe um apelo pela busca do momento, apenas uma reflexão daquilo que realmente queriamos ser ou ter e nem sempre conseguimos.

O último carro
Texto: João das Neves
Orientação – Pedro Alcântara
Turma 46 - Fundação das Artes
Elenco: Anderson Galvão, Ângelo Mauriz, Arthur Martinez, Carolina Ferraresi, Cristina Chicon, Dani Spina, Felipe Menezes, Fernanda Peviani, Ingrid Daniele, Nathaly Léo e Rodrigo Freitas.


sábado, 2 de julho de 2011

"Só estou pedindo uma pequena parte de você..."

Qual é a sua identidade?
É a partir deste tema que a Turma 47 da Escola de Teatro da Fundação das Artes de São Caetano do Sul (FASCS) desenvolveu a peça "Maçã".
A busca pela identidade. Quem somos? O que somos?
Este processo colaborativo, como é chamado pela Turma, mostra personagens diversos num contexto sobre a busca da personalidade. Onde cada ser, ao encontrar com os demais, agrega um pouco das características do outro na sua identidade.
Apesar de ser um trabalho de poucas falas, a linguagem corporal merece pleno destaque. Com uma trilha sonora embalada por um piano ao vivo, os personagens se movimentam de forma brusca, se contorcem, tentam fugir de suas barreiras, de suas limitações. Se batem e se beijam. Se unem e se tornam um só.
A interação com a platéia é outro destaque desta obra. O título deste post é um trecho de um pequeno texto que é dado aos visitantes junto com uma bala de maçã. Nesta cena, o pedinte poderia "estar matando ou estar roubando", como mandam os scripts padrões, mas pede um pouco da personalidade alheia para que possa criar a sua.
Cumprindo o seu papel de questionadora, a peça coloca seus espectadores a analisar seus próprios perfis através dos personagens da trama: 'Sou um executivo. Trabalho vinte e quatro horas por dia. Faço planilhas. Sou uma bosta'.
No final, restam mais perguntas do que respostas.
Perguntas, onde não há "certo" ou "errado". Há apenas uma busca pelo "eu".

Ficha Técnica

Peça: Maçã
Realização: Turma 47 da Escola de Teatro - FASCS
Elenco: Fábio Stancius, Lucianny Bianco, Marcelo Magalhães, Sérgio Sasso, Suelen Almeida e Thalita Maragon
Orientação: Melissa Aguiar
Apresentação: 03/07 às 18h e às 20h, na Sala 25 - Fundação das Artes de São Caetano do Sul (R. Visconde de Inhaúma, 730. São Caetano do Sul - SP) 90 min. Entrada Gratuita. Os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada seção.

Bem Vindos

Olá a todos. O Criticando Arte(s) é um espaço voltado para a divulgação e criticas a eventos culturais, principalmente a peças teatrais. Sejam bem vindos e opinem o quanto acharem importante.